Recrutas da PM na posição de flexão: tortura?


Ainda que já faça mais de dez dias que tenha passado, vou dar minha opinião, porque o fenômeno é cíclico. Todos os anos novas turmas de calouros adentram às intituições de ensino militares. E toda vez que um desses treinamentos de "adaptação" for registrado por uma câmera (e isso é cada vez mais comum, já que até telefones celulares são dotados de câmeras) e as imagens forem cuspidas ao mundo civil, a reação tenderá a ser de repulsa pelos que estão de fora.

Quem está de fora, e nunca vivenciou a vida militar, só consegue enxergar o lado humilhante e dramático das imagens, e claro, não conseguem entender o porque daquilo tudo. Qual a necessidade disso?! E não são só os civis não, até mesmo alguns militares questionam o tratamento dispensado aos novatos nos treinamentos. A Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (AMAE) e o blog Alvo da Chibata por exemplo, fizeram coro com a imprensa e manifestaram repúdio às imagens dos recrutas do 8º BPM avançando ao rancho na posição de flexão.

Farei um parênteses aqui. Para causar mais impacto e dar aquele toque tão sensacionalista que estamos acostumados a ver por parte da imprensa, o caso foi noticiado como "policiais foram obrigados a andar de quatro". Por mais que este detalhe não tenha tanta importância, devo dizer que aquilo ali não é andar de quatro. Aquela posição se chama posição de flexão, um exercício onde se faz flexão de braços. Não é preciso ser nenhum técnico em posicionamento corporal humano formado da NASA para saber a diferença entre um e outro. Outro esclarecimento: os policiais militares que estão de camisa branca "vítimas" do tratamento "humilhante" são recrutas (calouros), que aspiram ser soldados da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

A transição da vida civil para militar é intensa, abrupta e súbita, seja na no quartel do 8º BPM, seja na APM D. João VI, seja na AMAN, ou Academia Militar de West Point (EUA). São em situações como esta, num treinamento de adaptação à vida militar, que se aprende autocontrole e se adquire resistência a condições adversas. É, de certa forma, humilhante para quem aspira a um status superior e lhe ensina que, antes de subir, é preciso descer à posição mais baixa. Contribui também para desacreditar qualquer auto-estima que o novato tenha em função de sua vida pregressa e que queira trazer para a vida militar. Reduzidos simbolicamente a um estado pré-humano, os novatos só reencontrarão sua dignidade se estiverem de acordo com as exigências da nova situação de vida a que aspiram.

Outra coisa que não fica clara para quem vê as imagens isoladamente, é que quem aplica o tratamento de choque não tem nada contra o caráter pessoal de nenhum calouro, que o recruta (ou "bicho", nas Academias Militares) está naquela situação porque é alguém que, no momento, está num status inferior passageiro, aspirando a um status superior. Tratamento este que geralmente é aceito pelos próprios calouros, simplesmente porque quem aplica o tratamento já passou pela mesma situação e amanhã será ele quem provavelmente fará o mesmo. Ou, no mínimo, se divertirá ao contar os causos do seu curso de formação e se orgulhar de "como foi difícil chegar até aqui".

Claro que podem haver exageros, mas não estou falando das exceções. Justamente pelo risco do exagero é que nossos regulamentos proíbem o trote, e os responsáveis podem sofrer punições disciplinares por isso. Porém, apesar de proibido, todos que já passaram por alguma formação militar sabe que eles existem e são uma antiga tradição nas escolas militares. A existência de uma regra não garante que ela será imposta. O mais comum é que a regra seja imposta quando algo provoque a imposição (neste caso a repercussão negativa das imagens dos recrutas avançando ao rancho na posição de flexão).

O assunto é polêmico e tenho certeza que teremos comentários bastantes divergentes aqui, como foi lá no blog do Pracinha da PM, pois o sentimento de "humilhação" e de ter a "dignidade humana desrespeitada" é algo totalmente subjetivo. Basta perguntar aos recrutas, o que eles acham disso tudo. Será que todos concordariam que foram torturados e humilhados?

20 comentários:

  1. Acho desnecessário, não vejo fundamento para qualquer tipo de treinamento colocar alguém numa situação ridícula.Sou formada, já passei por trote em faculdade e não achei graça nenhuma, me tornando veterana me recusei fazer a mesma coisa com os outros. Para quê?O que acrescenta numa pessoa passar por isso? Ahh, todos já passaram por isso, mostra de como o caminho será árduo até sua formação, que qundo você quer alguma coisa, tem que passar por isso.Por favor !Que coisa mais tola! Ensinem aos possíveis calouros normas de conduta,de como melhorar a imagem perante a sociedade que vê o policial (pm) como um ser corrupto, despreparado,arrogante, igonorante e vários adjetivos pejorativos que a corporação deve estar cansada de saber. Melhorem a imagem desses policiais! Às vezes fico indignada como as pessoas se referem a esses profissionais,como se eles fossem bandidos,não há um respeito a eles.Talvez pelo grande número de erros e absurdos que vemos noticiar quase todos os dias pela imprensa, cometidos pelos próprios pms.Isso que é importante, mudar essa imagem, e não ficar fazendo trotes inúteis com os calouros porque todo mundo da corporação já passou por isso. E não me venham falar, que os formandos não acham nada demais, que faz parte do treinamento.Alguém acredita que eles vão reclamar alguma coisa, vão dizer que acham isso humilhante. o simples fato de achar que isso é normal,já não é normal.

    ResponderExcluir
  2. Olá Ricardo,
    Este curto vídeo é pouco para sabermos o que se passava ali. Ou seja, ele é apenas um gatilho para conversas como a que estamos tendo, mas não oferece muitas possibilidades de avaliação daquele curso de formação em si.

    Trazendo pela minha experiência como um dos camisas brancas que estão no vídeo, não me senti humilhado ou torturado à época. Pelo contrário. Imaturidade? Quem sabe! Essa percepção deve ser de cunho bastante pessoal.

    Mas independente do que a "posição de flexão de braço" ou "macaquinho" possa representar para quem executa, claro que um curso de formação não deve se resumir a atividades físicas sem objetivo.

    "Os profissionais de segurança precisam de treinamentos maciços de tiro, abordagem policial, defesa pessoal, educação física e legislação. É com esse tipo de treinamento que se formam bons profissionais."

    Não tenho dúvidas disso! Infelizmente o vídeo não permite saber se eles tiveram um "treinamento maciço" desses. Poderiam ter tido, ainda que naquele dia tivessem avançado ao rancho naquela posição tão [ coloque um adjetivo aqui ].

    ResponderExcluir
  3. O teor de texto me pareceu imaturo. Esta foi minha percepção, logicamente que bastante pessoal. Pelo que eu vi nos outros blogs, o fato ocorreu há mais de um ano. Não sei qual o posto/graduação do senhor na época. Também não sabia que o senhor já tinho sido soldado de 2º classe (recruta). O trecho que me passou maior imaturidade foi este, típico de cadete: "tratamento geralmente é aceito pelos próprios calouros, simplesmente porque quem aplica o tratamento já passou pela mesma situação e amanhã será ele quem provavelmente fará o mesmo. Ou, no mínimo, se divertirá ao contar os causos do seu curso de formação e se orgulhar de ‘como foi difícil chegar até aqui’.”

    Fazer o mesmo amanhã só se aplica aos cadetes, que ficam um aplicando "suga" no outro. O praça só é alvo da chibata.

    Sobre o treinamento maciço de tiro, abordagem policial... Eu gostaria muito de saber do senhor se ocorreu. Eu não sei como é o curso de soldado aí no Rio. Pelo que eu li em outros blogs (blog da segurança e praças da PMERJ), muitos policiais daí nunca tiveram aula de tiro com fuzil. Mas eu não sei se é verdade, não sei de quanto tempo é o curso e quais são as disciplinas. Seria muito bom que o senhor nos informasse, já que o senhor era um dos camisas brancas.

    De uma forma ou de outra, aquele tempo mostrado no vídeo, que ficará guardado para sempre na memória de quem esteve ali, foi um tempo desperdiçado e que pode ter criado revolta e ódio. Depois os oficiais não podem reclamar de divisões.

    O vídeo me parece não ter uma seqüência direta. A gravação parece ser cortada algumas vezes e o "cinegrafista" muda de posição em algumas ocasiões. O vídeo é curto, mas o tempo total do fato é difícil de definir.

    Completando a frase:

    Poderiam ter tido ( aguardo resposta do senhor), ainda que naquele dia tivessem avançado ao rancho naquela posição tão humilhante, aviltante, pré-humana, com o único objetivo de satisfazer prazeres sádicos dos instrutores.

    ResponderExcluir
  4. Oi Ricardo,

    "como um dos camisas brancas que estão no vídeo", quis dizer que como eles, e até mesmo com o mesmo uniforme, passei por situações semelhantes. No caso específico do vídeo, igual. Foi como cadete mesmo. =)

    Como o vídeo não permite saber o contexto do que se passou ali, explanei sobre treinamentos de adaptação em geral. Sabemos que os cursos de formação no Rio de Janeiro estão bem longe do ideal, e esse curso não deve ter sido diferente. Mas não posso dizer em detalhes, não estive lá.

    ResponderExcluir
  5. Obrigado pela atenção, senhor tenente. Eu admiro muito a PMERJ, principalmente pelos profissionais corajosos que a compõe.

    Aproveito para lhe parabenizar pela conquista do espaço no Yahoo! Posts. Nada mais que merecido. Parabenizo também pelos blogs que o senhor mantém, como este, o diário de um pm e o aspiras da UERJ. Todos têm conteúdo de qualidade um visual muito bom.

    Para finalizar a discussão a respeito do vídeo, gostaria apenas de compartilhar que, para mim, a maior vitória é a intelectual.

    Fortes abraços!

    ResponderExcluir
  6. Obrigado Ricardo, fique a vontade para iniciar novas conversas e enviar novos vídeos.

    Abraço!

    ResponderExcluir
  7. Acho que quando se trata de "sobreviver", pois é o que eles enfrentarão diariamente vale tudo. Isso não é tortura, é treinamento físico rigoroso. Andar na posição de flexão pode ensinar-lhes que numa situação de combate vale tudo. Aliás, o vídeo apresentado se passa por praticamente todas as instituições militares do nosso país, e talvez até do mundo. Sabemos que o regime é rigoroso, mas o militar tem que ter um diferencial em sua formação física e mental. No período de recrutamento, tem que perder a vaidade mesmo, isso é pra HOMEM disposto a tudo, não é pra filinho de papai. Tô falando isso porque já fui recruta e passei por coisas piores, e hoje tenho consciência de que estou preparado para me superar graças a esses esforços. E mais, desde pequeno ouvia meu avô dizendo que o militarismo é rigoroso e todo mundo sabe disso, se entrou, foi por livre e espontânea vontade. "Força e Honra"

    ResponderExcluir
  8. andreson ramos prevato17 de outubro de 2008 às 13:59

    oi meu amigo, "EU ESTAVA LÁ E ANDEI DE QUATRO", por isso posso falar e comentar sobre este assunto achei uma total iamturidade dos instrutores oficiais, inclusive um deles cap qoa, pois o CFSD é um teatro onde os recrutas são os atores coadjuvantes, muita coisa é desnecessária, um dia o sr se Deus quiser vai ser um cel e com certeza vai mudar essas coisas tão desnesseçáriaEU ESTIVE LÁ RSRSRSRSR, sou da turma 01/2006 do 8º bpm não tenho nenhum sentimento de raiva ou coisa parecida, mas tenho certeza que até o ten que fez aquilo se arrependeu, hoje o tenho como um amigo mas muitos colegas meus até choraram no dia, emfim temos que mudar essa polícia, hoje me considero um ótimo profissional não porque tive um treinamento bom a contento, mas porque na polícia existem muitas pessoas de bem prontas a nos ensinar tudo que nos é necessário um abraço meu amigo até breve.

    ResponderExcluir
  9. Porra quem achou ruim Pede Baixa...ou mesmo no curso de formação tá facultada o pedido de baixa...Volta a ser Civil...PÔ sacanagem no 53 em brasilia teve ate gás lacimogenio no rancho e ninguem reclamou...e era quase todo santo dia...é essa M...de midiazinha q estraga....tudo...Obrigado...

    ResponderExcluir
  10. Sugiro aos instrutores,que numa proxima vez quando forem ordenar aos recrutas pra avançarem o rancho.Que mande eles no Passo do ganso...e cantando a canção da Policia Militar...um abraço Selva!!! Eu Particularmente tenho saudades do meu curso de Formação...Foi Otimo...Nada a reclamar...e pelo visto nem eu nem os outros 179 antigos recrutas. fuiiiiiiiiiiiii........

    ResponderExcluir
  11. De patinha aberta e estão reclamando... Serrem os punhos seus lixos!!!!!!

    ResponderExcluir
  12. Só quem e militar para saber realmente o que se passa em um curso de formação, e uma transição, da vida civil para vida militar, no curso de formação vc Sd não é somente treinado para atirar bem ou saber defesa pessoal, esse tipo de treinamento é para um auto reconhecimento da pessoa humana que vc é, o ouro nao é testado no fogo? então bons militares passam bom isso e no final surge um sentimento de satisfação por ter completado o curso e por ter se tornado uma pessoa melhor, deixando de lado certas "frescuras" da vida civil!
    Para ser um miltitar de verdade não basta somente ter vontade e achar "bonitinho" usar farda, militar já nasce militar ta no sangue!
    Um abraço para todos os papa mikes!

    ResponderExcluir
  13. SEI QUE EXISTE E CONCORDO PLENAMENTE COM VOCE,POREM FORAM INFELIZES AO MOSTRAR ESTE VIDEO E AFIRMAR QUE ISTO EH TORTURA,DE FORMA ALGUMA,NINGUEM PODE SE QUEIXAR QUE ISTO SEJA TORTURA,EH TREINAMENTO,O POLICIAL PASSARA SITUAÇOES MUITO MAIS COMPLICADAS NA ATIVA,NO DIA A DIA,E NAO PODE SER UM "DONDOCA"PESQUISE MAIS,INFELIZMENTE ENCONTRARA VIDEOS DE ESTREMA COVARDIA E FALTA DE SENSO,COMO SE ESTIVESSEMOS NO SEC XVII

    ResponderExcluir
  14. minha pica porra isso e um lixo essa sugar uma porcaria!!!!!

    ResponderExcluir
  15. porra essa merda ai ñ passaria nem um minuto no pelopes,meu pelotão caveira!!

    ResponderExcluir
  16. Aonde isso é tortura no pelopes forão quase 16 horas de senta e levanta,meio sugado entre outras coisas,fora a marcha do papagaio isso ai é fichinha pra futuros pms bichinhas,que quando colocão um 38 na cintura se achão o Jhon Waine.......não durarião meia hora no Pelopes.

    ResponderExcluir
  17. Nossa vc chorou por isso??? Sai fora da Pm então camarada vai virar manicure....seu bosta....

    ResponderExcluir
  18. É verdade que o video não mostra o diálogo naquele momento, mas como testemunha do fato, foi sim humilhação. O que dizem ser posição de flexão. Era dito aos recrutas, -- ande de quatro, rasteje por um prato de comida. Não existia treinamento, não estavam em treinamento. Era a hora do almoço. Mas o pior não foi isso mas sim as ameaças que os recrutas sofreram apos o epsódio se caso o vídeo expalhasse foi muito mais vexatório. Pais de família que queriam respeitar e ter seus direitos respeitados foram simplesmente humilhados por palavras e frazes impronunciáveis. Fato que indiguinou aqueles que eram trabalhadore e tinha vergonha na cara. Aos que carregam consigo a frase " SE NÃO GOSTOU PEDE BAIXA" So lamento pois jamais deixarão de ser soldadinhos manipulados e digo mais se a policia esta do jeito que ta é por causa de vocês. Pensamento inútil e imbecil. E no caso da Policia Millitar o policial deve ter seus direitos respeitados sim para que na rua ele sinta-se na obrigação de respeitar os dos outros. Função Policial Militar é diferante de Função do Militar.

    ResponderExcluir
  19. Esqueci de comentar que eles foram ameaçados de serem perseguidos durante toda a carreira militar caso o video expalhasse.

    ResponderExcluir
  20. Isso chama-se idiotice. Traquejo desncessário. É humilhação sim. Na hora de ir pro rancho precisa disso? 

    Depois quando o policial forma, não tem mais treinamento e nada mais. Isso só causa frustração na pessoa. Isso é COISA DE OTÁRIO. Para formar um bom policial não precisa fazer isso tudo.

    ResponderExcluir